quinta-feira, 7 de agosto de 2014

PariR é uma festa

Por Radígia de Oliveira

Ela começou a preparar a viagem de agosto no carnaval. Não queria correr o risco de não ir a Paris. Férias marcadas, passagens compradas e a viagem para a Cidade Luz, garantida.  Seria um passeio  para comemorar um ano com o novo namorado...

Ela sonhou com os renascentistas do Louvre, a vista noturna da Notre Dame, o café no local onde
Robespierre pensou a Revolução Francesa. Também imaginou ir de novo ao D’Orsey só para ver o quadro preferido: Quarto de Dormir, de Van Gogh. E, claro, Ela não poderia deixar de sonhar com passeios românticos pelo Rio Sena e a possibilidade de esticar o romantismo até a vizinhança só para sentir a sensação de beijar durante passeio nas gôndolas de Veneza ou em meio às tulipas de Amsterdã...

Eis que o destino mudou o destino da viagem. Um mês antes, entre mamografias e Papanicolaus, uma notícia inusitada, inesperada, impactante, improvável: Ela estava grávida e o coraçãozinho do bebê de dois meses já pulsava um barulho ensurdecedor...

Como assim? Assim mesmo: em vez de viajar para a Cidade Luz, não demorou muito e Ela deu à luz! A viagem a Paris virou viagem para pariR, uma viagem louca, com direito a pesadelos com quedas de precipícios com o bebê no colo e tudo, mil troca de fraldas, mamadas pelas madrugadas, noites mal-dormidas, megaolheiras. Assim mesmo, mesmo assim, SIM, Ela sentiu a sensação que sempre duvidou. PariR é uma festa!

A Música deste texto: Água Viva, com Raul Seixas

sexta-feira, 17 de dezembro de 2010

Coincidências?

Por Radígia de Oliveira

Quanto menos Ela esperava, mais assombração Ele aparecia. Estava no avião, no bar, no hotel, no restaurante, na farmácia... Sim, intrigantes encontros casuais, e só! Nada como boas novas companhias, doses de vinho e audácia para por fim à falácia de que coincidências não existem. Existem sim. E Jung não explica!

Texto relacionado:
Coincidência não... existem!?

terça-feira, 30 de novembro de 2010

O verbo disponibilizar

Por Radígia de Oliveira
Eu disponibizo, tu disponibilizas, ele disponibiliza, nós disponibilizamos... No dicionário virtual Caldas Aulete, o verbo aparece com a seguinte ressalva: "Há quem considere que este verbo inexiste na língua, embora seja de uso frequente". Inexistia! Para desespero dos conservadores, dicionários como o Houaiss e o da Academia Brasileira de Letras (ABL) registram o intruso que, até "ontem", era apenas um neologismo duvidoso. Disponibilizar está registradíssimo na 5ª edição do Vocabulário Ortográfico da Língua Portuguesa (Volp), da ABL, lançada em 2009. É oficial mas, mesmo assim, muitos insistem em reprová-lo. Argumentos - consistentes ou não - não faltam. Alguns porque torcem o nariz para a terminação "izar" - comum em verbos derivados de adjetivos - e, assim, sugerem "tornar disponível". A questão é: qual a vantagem do uso de duas palavras em vez de uma para dizer exatamente a mesma coisa? Outros propõem substituir por oferecer, que teria o mesmo significado. Será mesmo? E sempre há quem simplesmente alegue que o verbo disponibizar é feio. E daí? Ditadura da beleza para verbo já é demais!

A música deste texto: "Eu também vou reclamar", com Raul Seixas

Todos os textos deste blog

Crônicas e poesias
22.Amnésia (11/2010)
21.Ipês amarelos (9/2010)
20.Junho (7/2010)
19.Ana (6/2010)
18.Que titi-ca!
17.Inconsolável consolo (2/2010)
16.Não revelados (2/2010)
15. Mosaico
14.Paralisia (11/2009)
13. Desnortear (10/2009)
12. O presente (9/2009)
11.Coincidências não... existem?!(8/2009)
10.Entre homens e livros (6/2009)
9.Vinte anos em minutos(5/2009)
8. O rolo (4/2009)
7.De deusa a simples mortal(3/2009)
6.Feira das nações(2/2009)
5.Tricolor até na morte(2/2009)
4.Bala perdida(1/2009)
3.Je ne parle pas français(1/2009)
2.No elevador(12/2008)
1.Pela internet(12/2008)
Língua portuguesa
7.A palavra é... empoderamento (4/2010)
6.Declaração de amor (2/2010)
5.Eu te amo, eu amo você, eu o amo, eu lhe amo(4/2009)
4.Preconceito "gerúndico"(3/2009)
3.Português difícil é mito(12/2008)

2.Termos adequados para pessoas com deficiência(1/2009)

1.Últimos suspiros do trema(1/2009)

Trinta dias na Bolívia e mais viagens
6. Brasil quilombola (2/2010)
5.Um dia em Bruges (11/2009)
4.TreMaceió (10/2009)
3.Conhecendo a Bolívia(1/2009)
2.A linguagem da mina de Potosí(12/2008)
1.Museu da Coca, Coca-Cola e Freud(1/2009)
Outros
5. O ano eternamente interminável (6/2010)
4.Mude
3.Nomes bíblicos sempre em alta (1/2010)
2.Sobre a fidelidade (11/2009)
1.Nas ondas do Escola Brasil (11/2009)

quarta-feira, 17 de novembro de 2010

Amnésia

Por Radígia de Oliveira

Quando as placas começaram a indicar Rio, São Paulo e BH, Ela levou um baita susto: "O que estou fazendo nesta estrada?" Depois de mais alguns minutos de amnésia, enfim, se recuperou. Ou não! A questão agora era saber como pegar o caminho de volta, aliás, qual era mesmo o caminho? Não, Ela não sofria de esclerose, mal de alzheimer ou qualquer outra doença capaz de afetar a memória. Era uma enfermidade momentânea que realçava uma lembrança específica. Lembrança top, über, mais!

No destino real, aflição! "O que teria acontecido pra tanta demora?", questionavam. Alguns ligavam para os hospitais; outros, pra polícia. “O último torpedo dEla dizia ‘tô saindo e chego em minutos!’, explicavam. Depois de horas, os mais catastróficos não hesitaram em telefonar para o IML com as descrições na ponta da língua: “Ela é assim e assado, tem estatura X, peso mais ou menos Y, cabelo Z”. Quando Ela apareceu – viva, saudável e feliz – nem tentou explicar o que fazia a caminho do Rio, Sampa ou BH. Ninguém acreditaria que a razão daquela anestesia cerebral toda havia sido um único beijo.

Música deste texto:
"Canto para a minha morte",de Raul Seixas e Paulo Coelho.

segunda-feira, 13 de setembro de 2010

Ipês amarelos

Por Radígia de Oliveira



Primeiro, a exuberância dos roxos
Depois, a elegância dos brancos
Agora é a vez de o cerrado exibir
Os feios ipês amarelos.

domingo, 25 de julho de 2010

Junho

Por Radígia de Oliveira
Eu amo o frio e até a seca de junho,
E o vento forte que invade a casa
E levanta a cortina amarela da janela.

Eu amo o frio e a seca de junho
E o cheiro que às vezes invade a rua.
Cheiro de barro vermelho molhado sem chuva.

Eu amo o frio e a seca de junho
E o ipê roxo que invade a cidade!
Pena que junho acabou. Julho também?
E eu nem sei mais o que é saudade...