terça-feira, 30 de dezembro de 2008

REPORTAGEM - *A linguagem da mina de Potosí

Por Radígia de Oliveira (texto e fotos)


As marcas no rosto do mineiro Simon Mendoza revelam bem mais que os seus verdadeiros 54 anos. O homem que trabalha de dia e de noite dentro do Cerro Rico, a montanha da cidade boliviana de Potosí (foto), imortalizada pelos escritores Miguel de Cervantes e Eduardo Galeano, sorri envergonhado pela falta de dentes e sem se dar conta que a sua idade está quase uma década acima da média de vida –45 anos– de um mineiro da região.

Mendoza fala a língua dos colonizadores, o espanhol; a dos antepassados indígenas, o quéchua, e uma linguagem recheada de palavras negativas, como mal, doença, pobreza, dinamite, veneno, explosão, morte. É a linguagem da montanha, da mina de Potosí.

Homônimo do libertador da Bolívia (Simon Bolívar) e do mineiro que ganhou fama na primeira metade do século 20 porque ficou “podre de rico” com o estanho retirado da montanha (Simon Patiño), Mendoza não lembra em nada um ou outro. Sua história é a da maioria dos mineiros. O pai e irmãos morreram de doenças pulmonares originárias do trabalho no Cerro, como a silicose, conhecida como “mal da mina”. Solteiro e sem filhos, mora com a agora única irmã, aposentada por causa do trabalho mineiro. Por que nunca se casou? “Nunca consegui comprar uma casa”, responde ligeiro.

Diferentemente de Mendoza, seu xará Simon Patiño construiu na cidade de Cochabamba a mais luxuosa mansão boliviana. Ele morreu do coração e sem conseguir morar na casa que demorou doze anos para ficar pronta. Na mansão, hoje aberta para visitas, são realizadas atividades sociais. Em Potosí, é Mendoza quem precisa da assistência social. Depois de 40 anos de trabalho, sequer possui os documentos necessários para a aposentadoria.

Exploração - A montanha, atualmente bem mais vazia que nos séculos 16 e 17, quando deu à Potosi o título de mais rica das Américas e aos europeus a chance de ganhar muito dinheiro da noite para o dia com a prata, ainda é a principal fonte de renda da cidade. Dos 145 mil habitantes, 10 mil trabalham diretamente no Cerro, por meio de várias cooperativas.

Da montanha, são extraídos estanho, zinco, chumbo, cobre, o resto da prata. Sim, restou pouco da riqueza levada para a Europa durante o período de colonização espanhola e às custas do trabalho e da morte de muitos indígenas, até hoje maioria do povo boliviano.

No clássico As Veias Abertas da América Latina (trechos abaixo), o escritor uruguaio Eduardo Galeano dedica páginas ao tema. Na época áurea, a expressão “Vale um Potosí”, explica o escritor, significava não ter preço. Atualmente, ser de Potosí é ser como Mendoza: sem casa, sem proteção da previdência, com pouco dinheiro. Ele começou a trabalhar dentro da montanha aos 15 anos e ganha 1.500 bolivianos por mês (187,5 dólares). “Para mim, basta!”, comenta humildemente. Sabe que histórias como as de Patiño não existem mais.

Depois da entrevista, realizada por volta de 20h30 de uma terça-feira de maio, Mendoza voltou para o Cerro onde havia passado o dia. A labuta só terminou na manhã seguinte. Se sente medo do mal da mina, esconde bem. “Eu me cuido”, afirma. Entre as precauções, leva comida de casa para o trabalho. A maioria dos mineiros passa o dia sem comer, alimentados apenas de folhas de coca. A planta alivia a sensação de cansaço, de fome e reduz os efeitos da altitude. Potosí está mais de quatro mil metros acima do nível do mar.

Os meninos
- A necessidade de conseguir dinheiro com a montanha não é exclusiva de homens feitos como Mendoza. Há mulheres, crianças e adolescentes. René Javier Jancko, 15 anos, trabalha no Cerro há seis meses. Estudante noturno do ensino médio, quer ser advogado. Por enquanto, trabalha de segunda a sexta para ganhar 40 bolivianos por dia (5 dólares). “É um trabalho muito duro”, comenta. Receia ficar doente. “O mal da mina mata”, acrescenta.

Aos oito anos, o menino Moisés Huaywa ganha 20 bolivianos (2,5 dólares) por dia com a venda de minerais retirados do Cerro. Huaywa diz estar na primeira série e freqüentar a escola, mas em uma segunda-feira, em pleno horário de aula, vendia as pedras. O garoto mora em uma capela no alto do Cerro Rico porque a família cuida da igreja.

Calvário - Parte do salário de Mendoza e dos demais mineiros é gasta bem pertinho do Cerro, no Mercado do Calvário. É uma feira onde os principais produtos vendidos são folha de coca (foto) e dinamite. No início da noite ou da manhã é fácil encontrar Mendoza no mercado, chamado Calvário porque fica no caminho para a montanha. Segundo o Museu da Coca, localizado em La Paz, doze por cento do salário dos mineiros são gastos com a planta.

O mercado é ponto obrigatório para quem quer conhecer melhor Potosí, sua gente, sua língua. O ideal é passar pela feira antes de visitar o Cerro e comprar alguns presentes para os mineiros. Para estrangeiros, “regalos” muito estranhos. Além de coca e dinamite, os mineiros gostam de ganhar tabaco, nitrato de amônia. Cada dinamite é capaz de detonar 150 quilos de jazida. O nitrato aumenta a força da explosão. Cumprimentar os mineiros em sua língua materna, o quéchua, também soa simpático. “Imaynalla” significa “como vai?”.

Felisa Lopes tem uma banca no mercado local há 35 anos e, com ela, sustenta todos os membros da família. Um saco inteiro de coca, por exemplo, fica vazio em três dias, revela.

Mal da mina
– A visão da montanha e o “cheiro” do mal da mina estão por toda a Potosí, declarada patrimônio cultural pela Unesco (Organização das Nações Unidas para a Educação, Ciência e Cultura) por causa da arquitetura colonial.

Bem ou mal, todos da cidade, direta ou indiretamente, falam a língua da montanha. O advogado e dono do Café 4060 (alusão à altitude), Elio Jancko Condori, 40 anos, perdeu o padrasto Basílio Jancko, 58 anos, no dia 8 de abril. Ele trabalhava no Cerro desde os 17 anos de idade e morreu de madrugada, dentro da montanha, depois de aspirar um dos gases venenosos, comuns no local.

Como tatus, os mineiros embrenham-se dentro da montanha dia e noite. Carregam pesos, furam buracos, explodem paredes, aspiram gases venenosos, são expostos a temperaturas extremas (forte calor dentro, frio extremo fora), adoecem, morrem. Os turistas só podem chegar a 100 metros de profundidade, por segurança. No meio de uma visita, permitida apenas com a presença de um guia, é possível sentir o perigo. Um mineiro grita “tiro!”. É um aviso para ninguém chegar perto porque mais uma jazida será detonada.

Filho de mineiro, o guia Jhonny Montes, 30 anos, trabalhou dos 18 aos 20 na montanha. O pai, 15 anos. Jhonny agora vive de guiar turistas, mas não está livre do mal da mina, a silicose, doença pulmonar resultante da inalação de poeiras minerais. É crônica e incurável e pode levar décadas para se manifestar. Sobre o assunto, Condori profetiza: “Em maior ou menor grau, todos são atingidos”. A exposição ao pó aumenta a suscetibilidade a várias outras doenças, como a tuberculose, também comum entre os mineiros.

Diabo e sacrifício

Em Potosí, até o Diabo fala a linguagem da mina. Feito de barro, o “coisa ruim” mora dentro da montanha (na foto, com o guia Jhonny) e sempre recebe presentes dos mineiros. É para espantar a má sorte. O costume é do século 17. Folha de coca, álcool e cigarros são os “regalos” mais comuns. E ai de quem não presentear o capeta, chamado carinhosamente de “Tio”. O costume tem uma “explicação”: se Deus está no céu, o Diabo mora embaixo da terra. Ao presentear, os mineiros “pedem” permissão para invadir o espaço Dele... E de madrugada, a figura do Diabo não assusta mineiros como Mendoza: “Ele já se acostumou comigo”, afirma sorrindo.

A má sorte também pode chegar se não houver sacrifício de lhamas, animal típico da região. No fim dos meses de junho, julho e início de agosto o animal é morto e o seu sangue espalhado pelas paredes da montanha. E tem mais superstição: não é bom trabalhar na segunda-feira, considerado um dia de alma, e de folga para muitos mineiros. Eles merecem.

**Esplendores de Potosí: O ciclo da prata

“Dizem que até as ferraduras dos cavalos eram de prata, no auge da cidade de Potosí. De prata eram os altares das igrejas e as asas dos querubins nas procissões: em 1658, para a celebração do Corpus Christi, as ruas da cidade foram desempedradas, da matriz até a igreja da Recoletos, e totalmente cobertas com barras de prata. Em Potosí, a prata levantou templos e palácios, mosteiros e cassinos, foi motivo de tragédia e de festa, derramou sangue e vinho, incendiou a cobiça e gerou desperdício e aventura. A espada e a cruz marchavam juntas na conquista e na espoliação colonial. Para arrancar a prata da América, encontravam-se em Potosí os capitães e ascetas, toureiros e apóstolos, soldados e frades. Convertidas em bolas e lingotes, as vísceras da rica montanha alimentaram substancialmente o desenvolvimento da Europa. “Vale um Peru” era o elogio máximo às pessoas ou às coisas, quando Pizarro tornou-se dono de Cuzco; mas a partir do novo descobrimento, Dom Quixote de la Mancha adverte Sancho com outras palavras: “Vale um Potosí”. Veia jugular do vice-reinado, manancial da prata da América, Potosí contava com 120 mil habitantes, segundo o censo de 1573. Só 28 anos havia transcorrido desde que a cidade se elevara entre os paramos andinos, e já possuía, como por mágica, a mesma população que Londres, e mais habitantes do que Sevilha, Madri, Roma ou Paris. Por volta de 1650, um novo censo dava a Potosí 160 mil habitantes. Era uma das maiores e mais ricas cidades do mundo, dez vezes mais habitada do que Boston, no tempo em que Nova York não tinha ainda esse nome.

A história de Potosí não nasceu com os espanhóis. Tempos antes da conquista, o inca Huayna Cápaj ouvira falar, de seus ‘vassalos’ de Sumaj Orko, da formosa montanha, e pôde vê-la quando foi levado doente às Termas de Tarapaya. Das palhoças do povoado de Cantumarca, os olhos do inca contemplaram pela primeira vez o cone perfeito que se levantava, orgulhoso, por entre os cumes das serras. Ficou estupefado. As infinitas tonalidades avermelhadas, a forma serra e o tamanho gigantesco do monte continuaram sendo motivo de admiração e assombro. Mas o inca suspeitava que suas entranhas abrigavam pedras preciosas e ricos metais, e os quis para novos adornos do Templo do Sol em Cuzco. O ouro e a prata que os incas arrancavam das minas de Colque Porco e Andacaba não saíam dos limites do reino: não serviam para comerciar, mas para adornar os deuses. Mal os indígenas cravaram suas machadinhas nos filões de prata do monte, uma voz cavernosa os derrubou. Era uma voz forte como um trovão, que saía das profundezas daquelas brechas e dizia, em quéchua: ‘Não é para vocês. Deus reserva estas riquezas para os que vêm de longe’. Os índios fugiram apavorados e o inca abandonou o monte. Antes, mudou-lhe o nome. O monte passou a chamar-se Potojsi, que significa estronda, arrebenta, faz explosão.

‘Os que vêm de longe’ não demoraram muito a aparecer. Os capitães da conquista abriam caminho. Huayana Cápaj já havia morrido quando chegaram. Em 1545, o índio Huallpa perseguia os rastros de uma lhama fugitiva e se viu obrigado a passar a noite no monte. Para não morrer de frio, fez fogo. A fogueira iluminou um filamento branco e brilhante. Era prata pura. Desencadeou-se a alavancha espanhola.

Fluiu a riqueza. O imperador Carlos V deu imediatos sinais de gratidão, outorgando a Potosí o título de Vila Imperial e um escudo com esta inscrição: ‘Sou o rico Potosí, do mundo sou o tesouro, sou o rei das montanhas e sou a inveja dos reis’. Apenas 11 anos depois do achado de Huallpa, a recém-nascida Vila Imperial celebrava a coroação de Felipe II com festejos que duraram 24 dias e custaram 8 milhões de pesos. Choviam caçadores de tesouros sobre a inóspita paragem. A montanha, a quase 5 mil metros de altura, era o mais poderoso dos ímãs, mas a seus pés a vida era dura, inclemente: passava-se frio como se fosse um imposto, e num abrir e fechar de olhos uma sociedade rica e desordenada brotou, em Potosí, juntamente com a prata. Auge e turbulência do metal, Potosí passou a ser ‘o nervo principal do reino’, como definiu o vice-rei Furtado de Mendonça. No começo do século XVII, a cidade já contava com 36 igrejas esplendidamente ornamentadas, 36 casas de jogo e 14 escolas de danças...”

**Ruínas de Potosí: o ciclo da prata
“Nos séculos XVI e XVII, o rico monte de Potosí foi o centro da vida colonial americana (...) O século XVIII começa a declinar a economia da prata, que teve seu centro em Potosí; todavia, na época da independência, a população do território que hoje compreende a Bolívia era superior à que habitava o que hoje é a Argentina. Um século e meio depois, a população boliviana é quase seis vezes menos do que a população argentina.

Aquela sociedade potosina, enferma de ostentação e desperdício, só deixou na Bolívia a vaga memória de seus esplendores, as ruínas de seus templos e palácios, e 8 milhões de cadáveres de índios. Qualquer diamante incrustado no escudo de um cavalheiro rico valia mais do que um índio podia ganhar em toda a sua vida de mitayo, mas o cavalheiro fugiu com os diamantes. A Bolívia, hoje um dos países mais pobres do mundo, poderia vangloriar-se –se isso não fosse pateticamente inútil– de ter alimentado a riqueza dos países mais ricos. Em nosso dias, Potosí é uma pobre cidade da pobre Bolívia (...)

Em Potosí, explora-se agora o estanho que os espanhóis deixaram de lado como lixo. Vendem-se as paredes das casas velhas como estanho de bom teor. Das bocas dos 5 mil socavãos que os espanhóis abriram na rica montanha, tem jorrado a riqueza ao longo dos séculos. A montanha tem mudado de cor à medida que os tiros de dinamite a esvaziam e baixam-lhe o nível do cume.”

*Matéria resultante de viagem para a Bolívia em 2006 (abaixo, dicas de hotéis, transportes e demais atrações).
**Trechos do livro As Veias Abertas da América Latina, de Eduardo Galeano, 1976. Editora Paz e Terra, 45ª edição, 2005.
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*Dicas de transporte, hotéis, cafés...

Santa Cruz de La Sierra – Passagem de avião do Brasil para Santa Cruz pela Gol custa cerca de R$ 430,00. O táxi do aeroporto até o centro da cidade, 50 bolivianos (6,25 dólares). O inconveniente é a hora da chegada: mais de 1 hora da manhã.
Opção de hotel - Residencial Sands (Arenales 749). Fone: (03)337-7776. Fica perto do centro e em frente a uma praça onde passam ônibus, portanto, há um certo barulho. Custa 100 bolivianos o quarto double (12,5 dólares). Café da manhã não incluído.
Dica de restaurante/café – A Casa del Camba, apenas pelo motivo de oferecer comida e músicas típicas bolivianas, e La Casona (Arenales 222).
Transporte para a cidade seguinte (Samaipata) - Táxi “compartido”. Custa 100 bolivianos para quatro pessoas (3,125 dólares para cada). O táxi demora cerca de duas horas para chegar ao destino. Quem preferir “pular” a cidade de Samaipata pode seguir de avião direto para Sucre. Pela empresa LAB (Linhas Aéreas Bolivianas) o vôo custa 62 dólares, dura 45 minutos até Cochabamba e mais 35 minutos até Sucre. Há um intervalo de três horas no aeroporto de Cochabamba.

Samaipata - Para os interessados em um local pequeno e acolhedor, Samaipata, a 120 quilômetros de Santa Cruz. Entre as atrações próximas está El Fuerte, ruína pré-incaica com desenhos estranhos, prato cheio para os ufólogos. Também há o Parque Amboró, com samambaias gigantes da época dos dinossauros, segundo os especialistas.
Opção de hotel – El Sol, filial do hotel Bolivian Romance. Fica perto da praça principal. Valor: 80 bolivianos (8 dólares para duas pessoas). Fone: 944-6033. Café incluído.
Dica de restaurante/café - A um quilômetro e duzentos metros da cidade está a pousada La Víspera, que oferece também refeições naturais. O prato demora, mas a espera compensa. No centro, há o café Chakana. Além de dicas de passeios, o cliente do café pode ver álbuns das atrações turísticas, explicações sobre os locais e preços.

Sucre – Patrimônio Cultural da Humanidade, título concedido pela Unesco (Organização das Nações Unidas para a Educação, Ciência e Cultura), a capital constitucional da Bolívia fica a 612 quilômetros de Santa Cruz. Apresenta uma bela arquitetura colonial e é conhecida como cidade branca. Perto, há o mercado indígena Tarabuco.
Opção de hotel – Hostal Libertad (esquina Arce/San Alberto). Quarto grande. Valor: 176 bolivianos (22 dólares). Fone: 6453101. Café incluído. Perto da praça principal e, por isso, há certo barulho.
Dica – Tomar um malte de coca no Café Mirador, que também oferece uma boa vista da cidade. Endereço: Recoleta, ao lado do museu de arte, música e teatro.
Transporte para a próxima cidade (Potosí) – De táxi “compartido”. Valor: 200 bolivianos (6,25 dólares para cada um se o táxi sair com quatro pessoas) para rodar 162 quilômetros, a distância entre Sucre e Potosí.

Potosí - A bela cidade, também declarada Patrimônio Cultural da Humanidade pela Unesco, gira em torno de uma montanha de prata (Cerro Rico). No século XVI, foi considerada uma das mais ricas do mundo. É cheia de igrejas, morros e apresenta uma feira muito pra lá de exótica. É o “Mercado do Calvário”, ponto de encontro dos mineiros. Os principais produtos vendidos na feira são folha de coca e dinamite. A folha é essencial para os trabalhadores. Ela reduz os efeitos do trabalho duro e da altitude (Potosí está 4.070 acima do nível do mar) e mata a fome. A dinamite serve para explodir as minas.
Opção de hotel - Hostal Colonial. Valor: 344 bolivianos (43 dólares) o quarto double. Fone: (02) 622-4265. Endereço: Hoyos 8, perto da praça principal.
Dica – Café Potocchi, que oferece pratos tradicionais de boa qualidade. Endereço: Millares 24.
Transporte para a próxima cidade (Uyuni) – De ônibus pela empresa Diana Tours. Valor: 30 bolivianos (3,75 dólares). Tempo: cerca de 5 horas.

Uyuni - A cidade fica a 219 quilômetros de Potosí e não é exatamente uma atração, mas o salar de mesmo nome... Basta dizer que são cerca de 10 mil quilômetros quadrados de puro sal. Na própria cidade de Uyuni é possível contratar uma agência para visitar o salar durante um dia ou uma semana, por exemplo. É preciso cuidado na hora de contratar uma agência. O motorista inexperiente pode se perder no meio do deserto branco ou ser engolido por um buraco d`água. No meio do salar há ilhas e até um hotel feito de blocos de sal. O frio pode chegar a muitos graus negativos e os hotéis não têm calefação. Na mochila, não esquecer óculos de sol, chapéu, água, roupas de frio. Como “seguro morreu de velho”, é bom levar comida (barras de cereais, por exemplo) para imprevistos...
Opção de hotel – Kory Wasy. Valor: 10 dólares por pessoa. Inclui café. Quarto pequeno, não há calefação, mas em maio último, por exemplo, os cobertores foram suficientes para proteger do frio.
Opção de agência para o salar – Reli, que cobra 20 dólares por pessoa por um dia no salar. Também há passeios de três dias. Todos incluem almoço na Ilha do Pescado, onde há cactos gigantes.
Transporte para a próxima cidade (La Paz) – De ônibus pela empresa 16 de Julho. Valor: 80 bolivianos (8 dólares). Tempo: Cerca de 11 horas.

La Paz - Do frio de Uyuni é possível pegar um ônibus diretamente para a Cidade de La Paz. A capital administrativa da Bolívia fica a 552 quilômetros de Uyuni. Outra alternativa é pegar um trem que passa por ***Oruro (323 quilômetros de Uyuni), mas é preciso ter cuidado com o frio porque nem todos os vagões têm calefação. Na chegada, atenção para o visual do lado direito. É o cartão postal de La Paz, localizada em um altiplano, com duas montanhas nevadas ao fundo. Parte da capital parece um grande camelódromo. O Mercado das Bruxas, que vende fetos de lhamas e outros produtos exóticos para dar sorte, também tem roupas, sapatos, cachecóis, bolsas. Tudo bonito e barato. Escondido na rua do mercado está o interessante Museu da Coca.
Opções de hotéis – 1) Majestic. Valor: 60 bolivianos por pessoa (7,5 dólares). Quarto pequeno. Fone: (02) 245-1628. Endereço: Santa Cruz, 359, perto do Mercado das Bruxas. 2) Hostal República. Endereço: Comércio 1455. Foi casa de um ex-presidente da Bolívia. Valor: 200 bolivianos (25 dólares por pessoa). Fone: (02) 2202742
Opção de café/restaurante – Pepe’s, onde as mesas são decoradas com folhas de coca, e Angelo Colonial (Linhares 922), recheado de objetos antigos, que fica ao lado do Museu da Coca.
Transporte para a próxima cidade – Empresa “Nuevo Continente”. Valor: 35 bolivianos (4,375 dólares por pessoa).Tempo: Cerca de 3 horas.

Copacabana – A cidade que –dizem– deu nome à praia do Rio de Janeiro fica às margens do Lago Titicaca e a 151 quilômetros de La Paz. De Copacabana, é possível avistar o Peru.
Dica de hotel – Glória. Bom atendimento, quarto grande e confortável e com belíssima vista do Lago Titicaca. Inclui café. Valor: 280 bolivianos o quatro doble (17,5 dólares por pessoa) nos fins de semana. Fone/Fax: 862-2094.
Dica de café/restaurante – Kala Uta, com pratos tradicionais, além de opções vegetarianas. Vale uma salada com quinua e outras comidas típicas. Endereço: 6 de Agosto com 16 de Julho.
Transporte para o próximo ponto (Ilha do Sol) – Barco. Tempo: cerca de uma hora.

Ilha do Sol – De Copacabana pode-se atravessar parte do lago Titicaca para chegar até a Ilha do Sol, local com ruínas incas, frio e com um visual daqueles...
Dica de hotel na ilha – Inti Wayra. Fone: 719-42015. Preço: 10 dólares por pessoa, com café da manhã. Belíssima vista do lago, dono simpático, mas a ilha tem problema de abastecimento de água. No dia 21 de maio, faltou água durante o dia. É recomendável deixar as malas em Copacabana porque a subida até o centro da ilha é cansativa, principalmente para quem carrega pesos.
Dica de café/restaurante na Ilha – Las Velas. O local não é iluminado apenas com velas por opção, mas por necessidade. É uma casa simples de uma típica família da ilha. Não há energia elétrica e a água da fonte Inca, que abastece o local, é carregada no lombo do burro até o alto da ilha, onde fica o restaurante.
Transporte de volta de Copacabana para La Paz – Empresa Milton, que custa 25 bolivianos por pessoa (3,125 dólares).
Transporte de La Paz para a próxima cidade (Cochabamba) – Empresa Cosmos (que quebrou a uns 40 quilômetros do destino). Preço: 25 bolivianos (3,125 por pessoa). Tempo: Cerca de 7 horas de viagem.

***Coroíco – De La Paz também é possível pegar um ônibus até Coroíco (região das Yungas, onde há plantações de coca). Sim, é a Rodovia da Morte. Se o seu companheiro de viagem tiver medo, você só tem duas opções: desistir ou viajar sem ele. A rodovia é considerada a mais perigosa do mundo. Se a estrada de Potosí a Uyuni são de tirar o fôlego, a da rodovia da morte então...

Cochabamba – Por último, vale uma visita à vibrante Cochabamba, que fica a 383 quilômetros de La Paz. Clima bom, cheia de cafés e bares, a cidade tem um dos maiores mercados da América do Sul. É o “La Cancha”, onde há de tudo. Uma mala com códigos da marca Route 66 custa 150 bolivianos (menos de 20 dólares), uma bota de couro feminina pode custar 100 bolivianos (12,5 dólares), um sapato masculino de boa qualidade, menos de 40 dólares. Há tênis para todos os gostos e podem custar 60 bolivianos (7,5 dólares). Ah, também vale uma visita ao “Cristo de La Concordia”. Pode não ter o charme de estar na Baía da Guanabara mas, pelo tamanho indicado na placa, é um pouco maior que o Redentor Carioca. Também em Cochabamba há a mansão de Simon Patiño, um mineiro de Potosí que no século passado ficou rico e virou dono de mina. Entre as atrações da casa, há imitações de arte do Vaticano. Ela demorou 12 anos para ficar pronta e hoje é uma fundação que oferece serviços para a comunidade local. Por problemas de saúde, o dono morreu sem nunca ter morado na mansão.

Opção de hotel – 1)Hostal Jardin. Pequeno, barato. Inclui café. Valor: 80 bolivianos o quarto doble (5 dólares por pessoa). Endereço: Rua Hamiraya. 2) Uma outra opção é o Hotel Ideal. Fica na Calle España, perto do centro, e custa 140 bolivianos o quarto double (8,75 dólares por pessoa).
Opção de café/restaurante – Co-Café-Arte, Picasso, Café Fusíon, Café Casablanca, restaurante Suiza (Av. Ballivian, perto da praça Cólon)
Opção de transporte de volta para a Santa Cruz – Vôo pela empresa Aerosur. Valor: 63 dólares. Tempo: 50 minutos.
Transporte de volta para o Brasil - Vôo Santa Cruz/São Paulo/Brasília pela Gol. O horário é ingrato: chega de madrugada. Sai de Santa Cruz 1h40 da manhã, passa por Campo Grande (Mato Grosso do Sul) e chega em São Paulo por volta das 6h30. Em Brasília, o ponto final é às 9h30 da manhã. O preço: R$ 422,00.

***Mais opção de transporte de entrada/saída da Bolívia – Ônibus até Corumbá (Mato Grosso)/Puerto Suarez (Bolívia) e, de lá, Trem da Morte até Santa Cruz de La Sierra. A viagem dura 18 horas. Os vôos podem ser considerados baratos, mas não chegam perto dos preços das passagens de ônibus ou trens. Também valem pela aventura.

*Texto resultante de viagem para a Bolívia em 2006
***Todas as cidades citadas foram visitadas, salvo Coroíco e Oruro. Os transportes (exceção para os da empresa Cosmos), as agências, os restaurantes, cafés e hotéis não apresentaram dificuldades. O máximo foram situações remediáveis, como as diferenças de preços nos cardápios, no caso de restaurantes ou cafés, e mudança de hotéis por serem de categoria inferiores esperado. O fato de terem sido experimentados não significa ausência de problemas para outros visitantes. Boa viagem!

Sobre a Bolívia, leia também neste blog:
Museu da Coca, Coca-Cola e Freud
Conhecendo a Bolívia

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