quinta-feira, 29 de outubro de 2009

TreMaceió

Por Radígia de Oliveira (texto e fotos)

Piiiiuí! Piiiiuí! Quando o apito começa a ser ouvido, os feirantes ainda dão um tempo, demonstram tranquilidade. Só na hora que os vagões estão bem perto é que todos correm apressados para tirar as “coisas” dos trilhos.Assim que o transporte passa “tirando tinta” de algumas barracas, parece que nada aconteceu.Os comerciantes voltam a expor os produtos para venda nos trilhos: sapatos, chaves de fenda, borracha, mercadorias diversas. Essa é a rotina da Feira do Rato, localizada em Maceió (AL), onde o trem corta a feira 16 vezes ao dia.

A feirante com barraca Jacinta (xiii... qual é o sobrenome mesmo?) está há 25 anos no local.Ela vende produtos eletrônicos no Mundo dos Games, que fica bem perto dos trilhos. Em qualquer situação que ofereça perigo, corre para longe. Uma vez saiu apressada da barraca por causa de um cliente desatento que havia deixado o carro no meio da linha férrea para circular pela feira. Quando o trem começou a apitar, o veículo do esquecido ainda estava ali, em frente ao comércio de Jacinta. Se houvesse um acidente, o Mundo dos Games seria o primeiro atingido, mas o motorista – ufa! – voltou antes da provável colisão. Saiu cabisbaixo sob os olhares atentos dos feirantes que não acreditavam no que viam, diz Jacinta (foto).

Sim, a Feira do Rato, menos conhecida como Feira do Passarinho, bem que poderia ser chamada de Feira do Trem, no entanto, o nome atual tem lá suas justificativas. Ali há gente honesta, mas os “ratos” também estão por toda parte. Além da venda de produtos de origem duvidosa, não se pode vacilar com bolsa, máquina fotográfica, celular. Na barraca de uma comerciante antiga, ela diz garantir a segurança: “Aqui ninguém vai mexer com você”. Entre uma venda e outra, recomenda a clientes que não saiam falando ao celular pela feira. Uma delas deixou o assunto para mais tarde e não teve dúvidas: guardou imediatamente o aparelho na bolsa.

Quem não quiser perder o trem que atualmente percorre 32 quilômetros entre Rio Largo e Maceió, deve correr. Tanto ele quanto a feira estão com os dias contados. A previsão é que, em 2010, o trem seja substituído por um novo modelo de transporte: o Veículo Leve sobre Trilhos (VLT), espécie de bonde. Os feirantes, mesmo inconformados, deverão ser transferidos para outros locais da cidade. As mudanças devem atingir alguns comerciantes do Mercado do Artesanato, que fica ao lado da Feira do Rato.

Com o fim ou não da feira inusitada, é bom lembrar que Maceió e arredores têm bem mais: praias de mar impressionantemente verde, bairro das rendeiras, Maragogi, muito artesanato... O Rio São Francisco, que nasce em Minas Gerais, é abraçado pelo mar na divisa de Alagoas com Sergipe, fenômeno que no bom humor maceioense é chamado de “perereca”, uma alusão à pororoca, encontro do rio com o mar que causa grande onda, principalmente no Amazonas.

A música deste texto: Ponta de Lápis(Tema de Maceió), com Eliezer Setton. Composição: Roberto Barbosa (Antonio Roberto Brandão Barbosa) e Marcos Maceió (Marcos Vagaresa)ou Carlos Moura?...

3 comentários:

  1. Me deu vontade de conhecer esse lugar. Obrigado, Radi.

    Fernando

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  2. Radígia, gostei do seu blog.
    Jéssica.

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  3. PO GOSTEI DA IMAGEM DO MAR COM OS PEIXES!!
    ABRAÇOS JÉSSICA.

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