quinta-feira, 22 de janeiro de 2009

CRÔNICA - Je ne parle pas français

Por Radígia de Oliveira

Da segunda vez que saiu do País, foi parar em Paris. Antes, decorou palavrinhas e frases mágicas em francês para não ofender o povo que não entende que um por favor com jeitinho vale mais que um s’il vous plaît desajeitado.

Já em Paris, usou e abusou de bonjour, pardon e excusez-moi, mas não soube como perguntar as horas em francês para a recepcionista da livraria do Louvre. Apelou: “What time is it, please?”, disse enquanto mostrava o pulso, local onde geralmente no mundo inteiro se usa um relógio desde a invenção número 5 de Santos Dumont. Foi so-le-ne-men-te ignorada! É que o Louvre não recebe gente do mundo todo...

No empurra-empurra do metrô, observou: de cara amarrada, bastava dizer excusez-moi, excusez-moi, excusez-moi. Em uma manhã, na padaria, deu um sorriso que valia por mil bons-dias e pediu baguete e croissant. O atendente olhou de cara feia e exclamou com raiva: “Bonjour, madame!”. É que ele era muuuuito educado...

Os dias se passaram e Ela já estava nervosa com tanto bonjour, s’il vous plaît, merci, excusez-moi. Ao voltar para o local onde estava hospedada, esbarrou em uma lata de lixo. Assustada, pediu rapidamente desculpas, por favor, perdão, licença e tudo o mais por ter esbarrado na pobrezinha. Pardon, s’il vous plaît, excusez-moi... A lixeira agradeceu as palavrinhas mágicas com um sorriso fazer inveja a qualquer francês...


Imagem desta crônica: foto zerodesign, disponível no site http://www.morguefile.com

Música desta crônica: Les passantes, com Georges Brassens.

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