quarta-feira, 28 de janeiro de 2009

ENTREVISTA - Termos adequados para pessoas com deficiência

Pela importância, transcrevo a entrevista concedida pela especialista em inclusão Cláudia Werneck, jornalista fundadora da ONG Escola de Gente – Comunicação em Inclusão. Ela explica quais os termos mais adequados na hora de tratar pessoas com deficiência. Portador de deficiência é muito ultrapassado, segundo ela. A entrevista foi feita pela repórter Ana Cláudia Costa para o programa de rádio Escola Brasil.

Escola Brasil – Cláudia, muita gente tem dúvida na hora de escolher que palavra usar para se referir a alguém que tem deficiência. É certo dizer pessoa com deficiência?
Cláudia Werneck - As pessoas têm um pouco de medo de usar a palavra deficiência porque é como se estivesse ofendendo alguém. Deficiência não é o contrário de eficiência. O contrário de eficiência é ineficiência.
Escola Brasil – Mas existem outros termos que estão ultrapassados?
Cláudia Werneck - As palavras especial, excepcional, o diferente. Tudo isso são palavras antigas. Para você ter uma idéia, desde 1992 eu já defendo, em função dos movimentos que participo, o não-uso da palavra portador, da palavra especial...
Escola Brasil - Também não pega nada bem usar palavras como anormal, incapacitado...
Cláudia Werneck - Não, isso não. É, no mínimo, indelicado. Melhor não usar mais.
Escola Brasil - Então devemos falar pessoa com deficiência, e não deficiente... Outra coisa que vira e mexe a gente ouve por aí é “portador de necessidades especiais”. E isso está certo?
Cláudia Werneck - Não, é tão antigo. A palavra portadora, ela é dissociada da questão dos direitos. Quem porta alguma coisa dá a idéia de que você pode descansar daquilo. Assim como, por exemplo, eu não porto olhos castanhos porque eu não descanso deles. Então, eu também não porto uma deficiência porque eu também não descanso dela porque orque eu sou ela. Ela é parte de mim e eu sou parte dela.
Escola Brasil - Outro termo que a gente escuta muito é “escola normal” como o oposto de uma escola inclusiva, que recebe alunos com deficiência. O que deve ser dito nesse caso?
Cláudia Werneck - É a escola regular, né? O sistema regular de ensino. A palavra normal, ela vem carregada de um contraponto do que seria normal.
Escola Brasil - E você acredita que, mudando o jeito de falar, a gente fica mais perto de conseguir essa escola inclusiva?
Cláudia Werneck – É, primeiro tem que ter uma vivência inclusiva. Mudar a linguagem e não mudar a ação não adianta nada. Também é interessante que as ações venham acompanhadas de uma nova forma de expressá-las.

Imagem desta entrevista: foto de Scott Liddell disponível no site
http://www.morguefile.com.

Música desta entrevista: É tão lindo, com Balão Mágico e Roberto Carlos. Para ouvir, basta clicar no endereço http://www.youtube.com/watch?v=R4IUw7SZz8E.

Um comentário:

  1. Huum... Nada como comentários sobre fotos feitos por um verdadeiro fotógrafo. Um dia eu chego lá, viu?! Aí não precisarei mais publicar fotos de terceiros (rs). Abs!

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