quarta-feira, 17 de novembro de 2010

Amnésia

Por Radígia de Oliveira

Quando as placas começaram a indicar Rio, São Paulo e BH, Ela levou um baita susto: "O que estou fazendo nesta estrada?" Depois de mais alguns minutos de amnésia, enfim, se recuperou. Ou não! A questão agora era saber como pegar o caminho de volta, aliás, qual era mesmo o caminho? Não, Ela não sofria de esclerose, mal de alzheimer ou qualquer outra doença capaz de afetar a memória. Era uma enfermidade momentânea que realçava uma lembrança específica. Lembrança top, über, mais!

No destino real, aflição! "O que teria acontecido pra tanta demora?", questionavam. Alguns ligavam para os hospitais; outros, pra polícia. “O último torpedo dEla dizia ‘tô saindo e chego em minutos!’, explicavam. Depois de horas, os mais catastróficos não hesitaram em telefonar para o IML com as descrições na ponta da língua: “Ela é assim e assado, tem estatura X, peso mais ou menos Y, cabelo Z”. Quando Ela apareceu – viva, saudável e feliz – nem tentou explicar o que fazia a caminho do Rio, Sampa ou BH. Ninguém acreditaria que a razão daquela anestesia cerebral toda havia sido um único beijo.

Música deste texto:
"Canto para a minha morte",de Raul Seixas e Paulo Coelho.

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