sábado, 29 de agosto de 2009

CRÔNICA Coincidências não... existem!?

Por Radígia de Oliveira

Sete anos atrás. Um olhar para a esquerda e Ele estava lá, no meio daquele lugar despretensioso, e com um ar mais despretensioso ainda. Um encontro de olhares e poucas palavras depois... cadê a música? Sumiu junto com dezenas de dançantes. Era hora de beijos e sussurros...

Sete dias mais tarde, ambos, sem saber um do outro, viajaram para o frio do Sul. Em três minutos, Ele trocou o 5 estrelas pelo hotel chinfrim em que Ela estava. Recepcionista e demais hóspedes desaparecerem... para os dois. Só viam e ouviam um ao outro. Era hora de novos beijos e sussurros...

O psiquiatra Carl Jung, contemporâneo de Freud, estudou e deu nome para a ocorrência de dois ou mais eventos simultâneos com significado para quem os vivencia: sincronicidade. “Recusamos-nos a levar as coincidências a sério porque não podemos considerá-las como causais”, disse em um seminário na década de 20. Para Jung, a sincronicidade seria um estado psíquico coincidente e relacionado com um acontecimento exterior, mas que ocorreria fora da percepção do observador. Observador?

Sete semanas depois, sensação “déjà vu” no terceiro encontro “casual”. Dessa vez, em
uma tarde ensolarada e sem nenhum resultado “mágico” ou que abalasse a estrutura. Traduzindo: sem beijos ou sussurros. Foi apenas “oi, tudo bem? como vai você?”... Os beijos e sussurros ficaram para futuras coincidências...

Ano de 2005. Aeroporto. Ela viajava de férias para o outro lado do Oceano Atlântico. Ele, a trabalho, para a região do Caribe... “Você aqui?”, questionaram ao mesmo tempo. Avião de conexão vazio, sentaram-se um ao lado do outro. Horas e várias turbulências depois, o avião caiu e os dois desaparecem no mar do Atlântico para sempre? Nada! Foi menos simples: o nervosismo dela impediu algo mais que palavras... No fim da viagem, promessas de provável encontro em terra estrangeira que nunca aconteceu.

Hoje. Lembranças do encontro de um mês atrás. Ele estava de férias no Brasil e saiu para encontrar velhos amigos. Ela saiu por insistência de uma amiga, mas nem queria tanto... De repente, olhou de relance para o lado esquerdo e, como na primeira vez, lá estava Ele. Um pouco mais velho e bem mais homem. Em menos de 24 horas, Ele estava na casa dela, de onde praticamente só saiu para pegar o voo de volta para a Europa...

Provavelmente nunca mais vão se ver, salvo em mais um encontro “casual” programado para daqui a... alguns meses? dias? anos? Para Ele, simples coincidências; para Ela, sincronicidade.


A música deste texto: "A hora do trem passar", de Raul Seixas.

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