quinta-feira, 10 de junho de 2010

Ana

Por Radígia de Oliveira

A lista de fãs é longa. Inclui o rei Roberto Carlos e The Beatles. Sim, os artistas também se renderam a Ela, ao seu jeito especial de ser, de saber, de rir de si mesma, de circular livremente entre a loucura e a lucidez. Tinha pouco menos de 30 anos quando, em 1970, Roberto Carlos começou a repetir incansavelmente a canção que fez pra Ela: “Todo tempo que eu vivi, procurando o meu caminho, só cheguei à conclusão que eu não vou achar sozinho... Oh, Ana, Ana, Ana... Oh, oh, oh, oh, Ana, que saudade de você!”

Antes, na década de 60, a ainda adolescente partiu o coração dos Beatles: “You come and ask me, girl. To set you free, girl. You say he loves you more than me. So I will set you free. Go with him, Anna”. Também rendidos aos encantos da moçoila, Renato e seus Blue Caps não perderam tempo e fizeram uma versão ao seu modo para a música cantada pelos garotos de Liverpool: “Ana, estou tão triste... vieram me dizer que eu posso até morrer pra você!”

Ana, Ana, Ana, Ana, Ana, Ana, Ana. Cada um dos sete filhos dEla não se cansam de repetir o nome forte, simples, belo. Nome pequeno de segredos grandes. Um dia, no meio de uma chuva torrencial, Ela caiu. A cabeça bateu contra um muro. Ela sangrou, sangrou, sangrou, sangrou... até que, 48 horas depois alguém estranhou o pano amarrado na cabeça. O eletroencelagrama e a tomografia computadorizada confirmaram: sem sequela física ou mental. Mental? Pois os médicos não sabiam que o máximo que poderia acontecer era o acidente contra o muro torná-LA equilibrada, certinha e quadradinha. Que sem graça seria, hein?!

Quem conhece sabe que a loucura que nasceu com Ela é generosa, solidária e saudável. Saudável? Ela não bebe água in natura há três décadas, salvo como remédio. Às vezes não dorme, às vezes não come e vez ou outra vê fantasmas circulando pela sala... Uma vez por ano, faz uma caminhada de loucos para não-atletas pseudolúcidos: sai de casa na noite de sábado e chega no dia seguinte, depois de 12 horas de pé no chão. No fim, enquanto a juventude se rende ao cansaço, Ela se sente pronta pra outra madrugada de caminhada igual. Detalhe: Ela tem nada menos que 67 anos. Acreditável? Claro que sim, afinal, Ela é minha mãe!

As músicas
Ana (Go to him), com The Beatles.Composição de Arthur Alexander.

Ana, com Renato e seus Blue Caps.


Ana, de Roberto Carlos e Erasmo Carlos, pero en spanish.

Um comentário:

  1. Linda e merecida homenagem à nossa Ana, minha fiel companheira da caminhada Mariana nos últimos seis anos.

    ResponderExcluir