quinta-feira, 19 de março de 2009

CRÔNICA-De deusa a simples mortal

Por Radígia de Oliveira

Ela escolheu o nome da criança ainda no início da gravidez. Foi sugestão de uma irmã. Naquela época não era possível saber o sexo do bebê antes do nascimento, mas ela pressentia que seria uma menina. Gostou do nome de deusa escandinava sugerido pela irmã: Valquíria, ou melhor, Walquíria, com “w” no início e tudo!

Era Walquíria pra lá, Walquíria pra cá. Durante toda a gravidez, pais, tios, primos, irmã, todo mundo chamava a criança de Walquíria. Ninguém se importava com a possibilidade matemática de nascer um macho. Seria Walquírio?! Mas quem veio ao mundo foi mesmo uma menina, a segunda filha do casal. Era clarinha, robusta. Não poderia ter escolhido nome melhor porque a criança tinha mesmo cara de Valquíria, ops, de Walquíria - pensou a mãe, toda orgulhosa.

O pai saiu para registrar a filha. Quando o tabelião perguntou qual seria mesmo o nome da criança, pânico! Deu um branco na cabeça dele. Pensou, pensou, pensou, mas não se lembrou de Valquíria, muito menos de Walquíria. Então fingiu. E, do nada, disse Claudete! Para enfeitar, pediu ao tabelião para trocar o último “e” por “h”. Ficou Claudeth!

Ao chegar em casa, tratou logo de contar que havia registrado a criança com o nome de Claudeth. Claudeeeeth??!!, de onde você tirou esse nome? - berrou a mãe. Ai, ai, ai.. você sempre faz tempestade em copo d’água! - defendeu-se o pai.

Um ano e meio e muitas e muitas tempestades depois, nascia Walquíria, a terceira filha do casal.



A música deste texto: Cavalgada das Valquírias, de Wagner.


Imagens: arquivo pessoal.

2 comentários:

  1. Legal. Gostei do relato. Que brancos dão às vezes. Mas as coisas acabam acontecendo.

    Um abraço,

    Fernando

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  2. Pois é. E é história realíssima, hein?! Se eu fosse a mãe da criança...

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